Contribuinte paga para ser enganado

Governo usa propaganda oficial, bancada com dinheiro público, para maquiar os dramas reais da população

Contribuinte paga para ser enganado

Contribuinte paga para ser enganado

Governo usa propaganda oficial, bancada com dinheiro público, para maquiar os dramas reais da população

 

Foto: Reprodução Agência Brasília

Da Redação

De jornal a blog; de mídia tradicional a alternativa; de propaganda em circuito fechado de TV em restaurantes a adesivos em ônibus. A “folha de pagamento” com anúncios e reportagens “positivas” para o governante de turno é dispendiosa para o contribuinte do Distrito Federal.

No primeiro trimestre deste ano, apenas a Secretaria de Comunicação do GDF – sem contar outros órgãos da estrutura oficial, como BRB, Terracap e Detran, por exemplo – consumiu R$ 41.851.644,92 dos suados impostos recolhidos pela população.

A tendência é de que este valor, no mínimo, dobre, quando forem publicizados os gastos do segundo trimestre. Isto em pleno ano eleitoral, o que, para especialistas, gera um desequilíbrio na disputa de 2 de outubro.

“Afinal, todos os adversários do candidato à reeleição estão fora dessa mídia paga e dos “créditos” naturalmente gerados por ela junto aos veículos contemplados pela verba”, diz um publicitário experiente nesse tipo de “troca-troca”, como ele define.

R$ 1 bilhão

Brasília Capital já mostrou, em edições anteriores, que ao longo dos primeiros três anos e meio da gestão Ibaneis Rocha (MDB) o GDF gastou quase R$ 1 bilhão em propaganda – este valor, certamente será superado quando contabilizadas as despesas do exercício de 2022. E propaga como feitos positivos eventos duvidosos para o interesse do conjunto da população brasiliense.

Alguns exemplos são o baixo investimento nas escolas durante a pandemia, a militarização de unidades de ensino público, o discutível atendimento a famílias carentes nos CRASs, a polêmica obra do túnel de Taguatinga e seus benefícios para populações não atingidas por ela, e o caos nos hospitais da rede oficial.

Tudo isso é apresentado como verdadeiras “conquistas” da população nos filmes e demais peças publicitárias cujo pagamento para produção e veiculação sai diretamente do bolso do cidadão que recolhe impostos. Com o talento dos publicitários e a farta distribuição de dinheiro, os dramas reais da população sempre têm um “final feliz”, como nos filmes de Hollywood.

Farra com dinheiro público

Para comprovar a denúncia de malversação dos recursos públicos, a reportagem recorreu, mais uma vez, às fontes especializadas, que jogaram luz sobre os números das tabelas de pagamento de blogs, sites, jornais, rádios, TVs, produção etc. da Secom do GDF. A farra inclui publicidade em mobiliários urbanos, como outdoors, banners, adesivos, bussdoors e até TVs de circuito fechado.

De janeiro a março, por exemplo, o GDF gastou R$ 114.690,84 com adesivos, conforme declara a própria Secom no Portal da Transparência. Outros R$ 320.650,00 foram torrados com fotografia. Interessante nesse item é que o GDF, na própria Secom, com um departamento de fotografia e uma equipe de vídeo da Agência Brasília. Os dois setores, juntos, têm no mínimo dez funcionários.

Debaixo dessa aba de produção está o pagamento à High Connect, que recebeu R$ 400.328,13, ao site uaifacil.com.br, agraciado com R$ 199.037,16, e a Weach Publicidade: R$ 100.082,50.

Jornais impressos são todos iguais?

Entre os jornais impressos, a Secom trata com certa paridade os três veículos que se apresentam como diários na Capital da República – o Correio Braziliense, o Jornal de Brasília e o jornal Brasília Agora. Eles foram aquinhoados, respectivamente, em três meses, com R$ 790.260,14; com R$ 1.028.780,36 e com R$ 580.188,75.

“Há que se averiguar o impacto de mídia e o peso que cada um deles tem. É o que chamamos de mídia técnica”, diz o publicitário. Segundo ele, os dados disponíveis no Portal da Transparência precisam ser verificados pelo Ministério Público do DF e Territórios e pelo Tribunal de Contas do DF, que têm como atribuição investigar o uso do dinheiro público.

Gastos com publicidade do GDF em 3 meses

Sites e blogs

Site metropoles.com:     R$ 1.782.559,10

Site correiobraziliense.com.br: R$ 983.842,47

Portal R7.com: R$ 547.284,96

Site jornaldebrasilia.com.br:  R$ 313.111,00

Site diariodopoder.com.br: R$ 268.873,49

Rede MobTv:  R$ 201.745,80

Site notibras.com:  R$ 166.223,69

Site brasiliaagora.com.br: R$ 64.742,50

Site poder360.com.br:   R$ 53.837,92

Site globo.com: R$ 53.141,20

Produção de adesivos: R$ 114.690,84

Fotografia: R$ 320.650,00

Mídia alternativa:

High Connect: R$ 400.328,13

Site uaifacil.com.br: R$ 199.037,16

Weach Publicidade: R$ 100.082,50

Jornais impressos (diários)

Jornal de Brasília (de 2ª a 6ª feira): R$ 1.028.780,36

Correio Braziliense (todos os dias da semana): R$ 790.260,14

Brasília Agora (de 2ª a 6ª-feira): R$ 580.188,75

Na Hora H: R$ 199.047,42

Aqui DF: R$ 175.712,00

Jornais impressos comunitários

Alô Brasília:  R$ 127.494,85

DF Notícias: R$ 62.244,00

Brasília Capital: R$ 47.851,00

Folha de Águas Claras: R$ 35.568,00

Do Guará: R$ 35.568,00

Emissoras de TV

Record: R$ 3.901.530,54

Globo: R$ 3.192.122,55

SBT: R$ 1.997.057,79

TV Brasília: R$ 1.457.527,53

Bandeirantes: R$ 1.080.312,67

Gênesis:  R$ 638.935,70

Cultura: R$ 294.652,00

União: R$ 212.513,67

Boa Vontade: R$ 203.889,00

Mundial Telenotícias: R$ 150.428,03

Canção Nova: R$ 135.340,14

Emissoras de rádio

Mais Brasil News FM: R$ 372.471,34

Clube FM: R$ 364.762,87

Supra FM: R$ 254.096,30

Metrópoles FM: R$ 238.375,90

CBN FM: R$ 223.720,67

Antena 1 FM:  R$ 212.054,44

Band News FM: R$ 204.749,79

Clássicos da Atividade FM: R$ 202.144,80

Sara Brasil FM: R$ 201.175,14

JK FM: R$ 193.258,50

Mix FM:   R$ 179.170,76

Jovem Pan FM: R$ 170.652,30

Programa na Polícia e Nas Ruas / Atividade FM: R$ 149.613,08

Positiva FM: R$ 136.380,48

Programa Show de Viola/Atividade FM: R$ 124.655,96

Atividade FM: R$ 101.072,40

Nova Brasil FM: R$ 99.035,60