MANCHETES DE DOMINGO

Resumo dos melhores jornais nacionais

MANCHETES DE DOMINGO

 

Editado por Chico Bruno

Manchetes do domingo



FOLHA DE S.PAULO: Inglês no Enem é obstáculo para aluno de escola pública

CORREIO BRAZILIENSE: GDF flexibiliza lockdown, que vai até 15 de março

O ESTADO DE S.PAULO: Pandemia e crise despertam no brasileiro desejo de poupar

O GLOBO: Nas crises, governo Bolsonaro amplia espaço dos militares

Resumo de manchetes

A manchete da Folha mostra que estudantes de escolas públicas têm desempenho médio abaixo do das particulares no Enem, principal porta de entrada para o ensino superior. É na prova de inglês, porém, que os alunos da rede estatal enfrentam maior dificuldade em relação à rede privada. O Correio revela em manchete que as medidas de restrição a atividades não essenciais, que entraram em vigor hoje, para combater o avanço do coronavírus no Distrito Federal foram revisadas. Após reunir-se com assessores para analisar o decreto anterior, o governador Ibaneis Rocha decidiu liberar o funcionamento – desde que cumpram protocolos sanitários – de setores considerados de baixo impacto na disseminação da covid-19. A manchete do Estadão informa que pesquisa da consultoria Oliver Wyman aponta que 69% de cerca de 4 mil entrevistados no País querem economizar mais depois da crise. Por enquanto, esse desejo de ter uma reserva financeira ainda não se transformou em realidade para a maioria das pessoas. De acordo com o levantamento, a renda de 46% dos entrevistados diminuiu. O número é próximo ao de pessoas que reduziram suas economias: 47%. E apenas 16% conseguiram aumentar as economias no último ano. O Globo revela em manchete que o número de militares em postos de comando do governo federal dobrou desde a posse de Jair Bolsonaro em 2019. Eram 188. Hoje são 342. Segundo o jornal, para analistas o presidente recorre aos militares porque confia que eles vão cumprir suas ordens.

Notícia do dia: O Congresso Nacional retomou o debate sobre a necessidade de substituição de uma legislação que voltou aos holofotes após a ascensão de Jair Bolsonaro e que é considerada um dos principais entulhos autoritários da ditadura que vigorou no Brasil de 1964 a 1985, a Lei de Segurança Nacional. Retirada do ostracismo pelo governo do ex-capitão do Exército, a lei passou paradoxalmente a ser usada também contra o bolsonarismo, em especial nas investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal sobre as manifestações antidemocráticas e, mais recentemente, na ordem de prisão emitida pelo ministro Alexandre de Moraes contra o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Mais de três dezenas de projetos em tramitação na Câmara dos Deputados tratam de alterações ou revogação da norma, editada em sua última versão em 1983, que seria substituída por uma Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito, tese que encontra respaldo significativo entre especialistas.

Primeiras páginas dos jornais

Governo descumpre promessas econômicas - O episódio da troca de comando da Petrobras levou investidores a reavaliar o compromisso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o liberalismo econômico, representado no governo pelo ministro Paulo Guedes —e que foi mote de sua campanha eleitoral de 2018. A Folha listou 12 compromissos na área econômica que fazem parte da proposta de plano de governo entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pela coalização “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Apenas um foi cumprido.

Lira vai discutir com governadores ações de enfrentamento à pandemia - Um dia após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que governadores que fecharem o comércio terão de custear o auxílio emergencial — após a próxima rodada do benefício, prevista para começar em março —, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que vai chamar os gestores estaduais para discutir o projeto do Orçamento União. Ele quer a participação deles no debate das medidas de combate à pandemia ao longo do ano. Pelo Twitter, Lira afirmou que vai se reunir por videoconferência com os governadores; com a presidente da Comissão Mista do Orçamento, deputada Flávia Arruda (PL-DF); e com o relator do projeto de Orçamento, senador Marcio Bittar (MDB-AC). “Com o recrudescimento e a nova onda da pandemia, quero chamar todos os governadores para contribuírem com sugestões na formulação do Orçamento”, escreveu. O parlamentar explicou que a intenção é discutir projetos para tramitar em caráter de urgência. “Neste momento, em que inúmeros governadores estão tendo de tomar a difícil decisão do lockdown, é hora de contribuir, buscando novas alternativas e novas vias legais para juntos, mitigarmos essa crise”, completou.

Ala liberal perde terreno e aponta falhas no governo - Na semana passada, em linha com o seu estilo “morde e assopra”, o presidente Jair Bolsonaro resolveu fazer um afago no ministro da Economia, Paulo Guedes, depois de criticar a política de preços da Petrobrás e anunciar a demissão do comandante da empresa, Roberto Castello Branco. Diante dos rumores de que Guedes poderia deixar o cargo após a dispensa de Castello Branco, um dos expoentes do grupo de liberais que ele levou para o governo, Bolsonaro resolveu tirar da gaveta as privatizações da Eletrobrás, a estatal de geração e transmissão de energia, e dos Correios, defendidas desde sempre pelo ministro. Bolsonaro também procurou mostrar que a percepção de que não está comprometido com a agenda liberal de Guedes – cada vez mais acentuada até entre seus apoiadores – é infundada. “Nossa agenda continua a todo o vapor”, afirmou, ao entregar o projeto de privatização da Eletrobrás ao Congresso, na terça-feira, 23. “Nós queremos, sim, enxugar o Estado, para que a economia possa dar a resposta que a sociedade precisa.” Guedes, aparentemente, “agasalhou” mais este revés e tudo indica que deverá continuar a conferir ao presidente o verniz liberal que foi essencial para a sua eleição, em 2018, com a esperança de que ainda receberá o aval do chefe para dar tração às suas propostas. Guedes costuma dizer a seus auxiliares que é “duro na queda” – e, considerando que permaneceu no cargo até agora, apesar das inúmeras “bolas nas costas” que levou de Bolsonaro nos 26 meses de governo (leia o texto abaixo) – é difícil discordar dele neste aspecto. Em sua posição, outros, provavelmente, já teriam abandonado o barco por muito menos. Com a aproximação das eleições de 2022 e a provável candidatura de Bolsonaro à reeleição, a implementação de medidas que são fundamentais para o País, mas mexem com interesses de todos os tipos, como as privatizações, as reformas, a austeridade fiscal, a abertura econômica e o fim de privilégios setoriais e de categorias profissionais, deverá se tornar cada vez mais difícil. Guedes, porém, parece encarar a sua passagem pelo governo como uma missão e se mostra disposto por ora a enfrentar as adversidades para tentar deixar um legado na economia do qual possa se orgulhar.

Marina se vê longe de 2022 e sugere frente pró-Ciro - Depois de receber 1% dos votos em 2018 na sua terceira tentativa de chegar à Presidência da República, a ex-ministra e ex-senadora Marina Silva (Rede), de 63 anos, diz não ter planos de se lançar em uma nova disputa em 2022. Vivendo em isolamento social em Brasília, ela afirmou em entrevista por telefone ao Estadão que só saiu de casa uma vez desde o dia 1.º de março do ano passado, para ir ao médico. Sua militância virtual, porém, segue intensa. Ela faz palestras - Marina pretende se aposentar como professora e abriu mão da aposentadoria como senadora - e lidera os debates do partido que criou, a Rede Sustentabilidade. Atualmente, a legenda elabora estratégias para sobreviver à cláusula de barreira no ano que vem. No precoce tabuleiro eleitoral que se formou, Marina sinaliza apoio a Ciro Gomes (PDT) como o mais forte para quebrar a polarização entre o PT e o presidente Jair Bolsonaro, embora diga que, antes de nomes, o mais importante é discutir projetos.

Outros destaques

‘Prestígio’ de Tarcísio não leva verba à infraestrutura - O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, é figura frequente ao lado do presidente Jair Bolsonaro em eventos presenciais e lives nas redes sociais. Com a fama de “rei do asfalto”, costuma ciceronear o chefe em inaugurações de obras de rodovias. Em janeiro, no interior da Bahia, Bolsonaro disse que Tarcísio era “a figura mais importante” da administração. As contas da pasta, no entanto, mostram que a Infraestrutura não é a prioridade na hora de liberar verbas do Orçamento e o ministro se sobressai na equipe de governo pelas obras de pavimentação de estradas. O montante disponível para investimentos no Ministério da Infraestrutura segue estagnado desde o começo da gestão Bolsonaro. Tanto em comparação com o disponível para a área no governo anterior, de Michel Temer (MDB), quanto em proporção do total investido pelo Executivo. Enquanto bilhões de reais de fundos ligados ao ministério são retidos (contingenciados) para diminuir o déficit da União, áreas como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), autarquia ligada ao ministério, reclamam de falta de verbas para pagar fornecedores. Desde que Tarcísio de Freitas assumiu a Infraestrutura, a pasta nunca recuperou completamente o volume de recursos que teve durante as gestões de seus antecessores, Maurício Quintella Lessa (2016-2018) e Valter Casimiro Silveira (20182019), quando o órgão se chamava Ministério dos Transportes. Em 2020, a pasta empenhou R$ 8,1 bilhões em investimentos. A despeito da pandemia do novo coronavírus, é um valor maior que o empenhado em 2019 (R$ 7,8 bilhões). É menos, porém, do que os valores empenhados antes da chegada de Jair Bolsonaro ao poder: em 2018, foram R$ 10,6 bilhões em investimentos; e R$ 13,1 bilhões em 2017. Em 2016, ano marcado pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) e pela troca de comando no governo, o montante fechou em R$ 9,9 bilhões. Os valores foram levantados pela reportagem usando a ferramenta Siga Brasil, do Senado, e corrigidos pela inflação. Esses índices e valores foram apresentados ao ministério para comentários. A pasta não questionou os dados e destacou que tem buscado “otimizar” o uso dos recursos públicos.

‘Imunidade parlamentar não é plena’ - Após sofrer a primeira derrota em plenário desde que assumiu o comando da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), fez ontem uma nova defesa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da imunidade parlamentar. Segundo ele, a proposta é necessária para que se regulamente o artigo 53 da Constituição, que trata da inviolabilidade de deputados e senadores por opiniões, palavras e votos. Desta forma, segundo Lira, será possível “dar um caminho” à Justiça em casos como o do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso após ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Não pudemos regulamentar este artigo, para dar um caminho, porque o Congresso errou em não regulamentar. Tem que regulamentar. Tem que discutir um caminho, para que haja punição exemplar”, disse Lira, durante evento virtual do Grupo Prerrogativas, que reúne profissionais da área do Direito. “O direito à imunidade de voz e de voto é do parlamentar. Se perdermos isso, teremos perdido 95% da democracia”, acrescentou o presidente da Câmara. Os comentários surgem após Lira ter sido obrigado a adiar, anteontem, a votação da PEC no plenário da Câmara dos Deputados. Sem acordo com os partidos, criticado no Supremo e pressionado nas redes sociais, ele decidiu que a proposta passará, primeiro, pelo crivo de uma comissão especial. Por limitar as situações em que os parlamentares podem ser presos e proibir o afastamento do mandato por ordem judicial, a proposta foi apelidada por “PEC da Blindagem” nos corredores de Brasília. Lira, no entanto, afirmou que, ao manter a prisão de Silveira, a Câmara deixou claro que não existe “imunidade ilimitada”. “A imunidade parlamentar não é plena. Ela tem limites. E quando os limites ultrapassam a linha da democracia, do respeito às instituições, do respeito ao funcionamento do País – ele (Silveira) teve a votação da Casa para manter a sua prisão.” O presidente da Câmara também criticou os apelidos que a PEC vem recebendo. “Não houve ‘PEC da Blindagem’, ‘PEC da Impunidade’. Ali a gente prevê prisão preventiva”, declarou. Durante o evento virtual, Lira afirmou ainda que não teve “tempo nem oportunidade” de se debruçar sobre os pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro que estão na Casa. Segundo ele, outros assuntos foram tratados nas primeiras semanas em que comandou a Câmara, neste mês. “Tivemos a primeira semana de acomodação. Tivemos a semana de votação da autonomia do BC. E tivemos a votação sobre o Daniel Silveira”, listou. Ao mesmo tempo, Lira lembrou que o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) teve aproximadamente cinco anos para analisar os pedidos de impedimento, que já são dezenas. “Se Maia não abriu nenhum processo de impeachment, ele não viu motivo”, disse. “Vamos analisar no momento adequado.”

Os efeitos da ‘pernada’ de ACM Neto em Maia - Quase um mês após a rasteira de ACM Neto em Rodrigo Maia, a capoeira do ex-prefeito de Salvador ainda ecoa feito berimbau entre políticos. No vácuo, a pernada teria elevado o neto de ACM à categoria de mestre. Nas atuais circunstâncias, porém, ele perde capital a cada dia em que Jair Bolsonaro comete nova atrocidade no descontrole da pandemia e no retrocesso da agenda econômica liberal (em tese, a essência do DEM). Um verdadeiro “cordão de ouro” da política, mestre desde o antigo PFL, explica: Neto não soube ler o momento histórico. Ao fim e ao cabo, além do próprio ACM Neto, os grandes beneficiários da jogada que derrubou Maia foram Bolsonaro e Arthur Lira, o presidente da Câmara que tenta emplacar uma blindagem digna de tanque Urutu na Casa. Ou seja, patrocinado por Neto, o fortalecimento de Lira e de Bolsonaro, por ora, impede o Congresso de fiscalizar o descalabro do Executivo na vacinação e de priorizar a agenda econômica liberal.

Queimou o filme - Relator do caso Flordelis (PSD-RJ) no Conselho de Ética da Câmara, Alexandre Leite (DEM-SP) diz que a deputada “será julgada pelo prejuízo causado à imagem da Casa”. Leite diz não acreditar em nada menos que suspensão por seis meses e perda de mandato. “Ofender a imagem da Câmara dos Deputados é quebra de decoro. O que a gente vai julgar é o nível de comprometimento da imagem da Câmara que ela causou”, afirmou o deputado. Segundo Leite, os prazos e a ampla defesa serão respeitados, mas, por estar avançada a investigação e ser grande o volume de provas, em menos de dois meses o caso deverá ser concluído no conselho. O relator diz ainda que não aceitará como testemunha no processo nenhum dos 50 filhos da pastora, nem contra, nem a favor: poderia prejudicar ainda mais a imagem da Casa. Muito do processo deve correr em sigilo. “Não quero escândalo”, diz Leite.

Confinamento total ou nada - Governos de vários estados anunciaram medidas que, nos bastidores, as próprias gestões avaliam ser insuficientes para conter o avanço da Covid-19. Eles se veem sem força e apoio social para bancar ações necessárias para evitar a escalada da doença e a falência da rede hospitalar. Para governadores, isso é resultado da postura negacionista de Jair Bolsonaro, que levou o país ao atual cenário: à beira de um colapso nacional, sem vacina, sem auxílio emergencial, sem leitos de UTI vagos. Alguns estados iniciaram toque de recolher noturno, como São Paulo, de João Doria (PSDB), e Ceará, de Camilo Santana (PT), ações consideradas por especialistas aquém do necessário para enfrentar o pior momento da pandemia do coronavírus. “Não se deterá o avanço de casos assim. O lockdown tem que ser total. Temos que ficar 10 a 15 dias sem ninguém na rua”, diz o sanitarista Gonzalo Vecina. Alguns governadores citam pressão enorme da população e de empresários. E dizem que gestores que falam em fechamento de comércio estão sendo xingados no interior do país. Nos bastidores, secretários de Saúde criticaram o presidente da Câmara. Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, passou a semana mais difícil da pandemia discutindo polêmico projeto para salvar a pele de parlamentares. Os gestores estaduais esperam a aprovação do auxílio emergencial para conseguir algum apoio para medidas restritivas. Enquanto governadores buscam saída, o presidente segue a vida que teve durante toda a pandemia: fake news sobre ineficácia das máscaras, viagens para tratar de outros temas e aglomerações por onde passa.

Negacionismo e insensatez - Governadores reagiram à declaração feita por Jair Bolsonaro no Ceará nesta sexta-feira (26). O presidente disse que, daqui para frente, os que "fecharem seus estados" é que devem bancar o auxílio emergencial. Bolsonaro fazia referência aos anúncios recentes de medidas mais restritivas para conter o avanço da Covid-19. “Se os governadores tiverem que bancar até o auxílio emergencial, aí mesmo que o presidente da República vai provar sua total inutilidade”, disse Flávio Dino (PC do B-MA) ao Painel. “O desequilíbrio de Bolsonaro é proporcional à tragédia humana que o negacionismo provocou no Brasil”, afirmou João Doria (PSDB-SP). “Não é razoável o líder de um país fazer o cidadão ter que escolher entre comida na mesa ou a vida”, declarou Wellington Dias (PT-PI). “Que absurdo! Até onde vai essa marcha da insensatez liderada pela maior autoridade do país?”, disse Fátima Bezerra (PT-RN). No Ceará, o Bolsonaro causou aglomeração em um dos piores dias da pandemia até agora. "O auxílio emergencial vem por mais alguns meses e, daqui para frente, o governador que fechar seu estado, o governador que destrói emprego, ele é quem deve bancar o auxílio emergencial. Não pode continuar fazendo política e jogar para o colo do Presidente da República essa responsabilidade", disse Bolsonaro.

Petrobras recuperou R$ 5,3 bilhões da Lava Jato - A Petrobras vai anunciar nesta semana ter sido ressarcida até o momento em R$ 5,3 bilhões pelos prejuízos originados nos desvios praticados pelo esquema de corrupção descoberto e investigado na Lava Jato e em seus desdobramentos. O montante é considerado, de forma isolada, relevante e uma vitória do trabalho do Paraná. A divulgação ocorre dias após a intervenção desastrosa de Jair Bolsonaro na estatal. O valor total recuperado representa apenas 5% dos R$ 102 bilhões perdidos em valor de mercado nos dias seguintes à troca no comando da empresa.

Ciro busca alianças com centro para 2022 - O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) intensificou os acenos a siglas como DEM e PSD para viabilizar sua candidatura à Presidência em 2022 e, em entrevista à Folha, defendeu uma união de centro-esquerda para derrotar Jair Bolsonaro (sem partido) e reforçou seu rompimento com o PT. "Nesse quadro de hiperfragmentação, quem for contra o Bolsonaro no segundo turno tem tendência de ganhar a eleição. O menos capaz disso é o PT. Por isso, a minha tarefa é necessariamente derrotar o PT no primeiro turno", afirma. Ciro, 63 —que disputou o Planalto três vezes e terminou em terceiro lugar no pleito de 2018, com 13 milhões de votos (12% dos válidos) — escancarou seu distanciamento da sigla ao não embarcar na campanha de Fernando Haddad (PT) no segundo turno daquele ano, vencido por Bolsonaro. Ex-ministro do governo Lula (PT), o pedetista diz que o que chama de "lulopetismo" representa hoje uma "adversidade intransponível" em sua relação com a legenda. "Converso muito com os petistas. Lá dentro, tem um grupo que acha que o Lula, com sua loucura e caudilhismo, está passando de qualquer limite. Faz as coisas sem consultar ninguém, joga só, é o Pelé", compara. "O Lula escolheu o Haddad [como pré-candidato em 2022] porque não fará sombra a ele nem hoje nem jamais. Ou seja, quer replicar a escolha da Dilma [Rousseff]."

Pressão da economia atormenta Bolsonaro - O recrudescimento do número de mortos e infectados pela covid-19 voltou a impactar a economia do país, já que — para a insatisfação do presidente Jair Bolsonaro — governos estaduais e do Distrito Federal passaram a restabelecer medidas restritivas ao funcionamento do comércio, na tentativa de frear a disseminação do novo coronavírus. Como efeito, as ações acabam freando as expectativas do mandatário de ver as finanças do país começaram a voltar ao normal. Agora, a tendência é de que ele seja pressionado a apresentar novas alternativas para estimular a economia, mesmo diante de um cenário complicado para manobras fiscais. Medidas pontuais e que produzam uma resposta a curto prazo estão em análise pela equipe econômica. Além de dar aval à retomada do auxílio emergencial — que deve ter mais quatro parcelas de R$ 250 e pode injetar até R$ 30 bilhões na economia —, duas saídas cogitadas pelo Planalto são a volta dos acordos de redução salarial e suspensão do contrato de trabalho e a antecipação do pagamento do 13º salário de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nas contas do Ministério da Economia, o adiantamento pode aquecer a atividade comercial com até R$ 50 bilhões. Contudo, a pasta aguarda a aprovação, no Congresso, do Orçamento da União para 2021 antes de sacramentar a medida. O objetivo é evitar desgaste por autorizar um gasto que não está previsto na atual Lei Orçamentária Anual, referente a 2020. A antecipação do 13º da Previdência é uma opção interessante para o governo porque não acarreta nenhum tipo de despesa a mais, visto que já está prevista no plano orçamentário da União. O instrumento não é nenhuma novidade e foi adotado no ano passado, também por conta da crise sanitária. As duas parcelas do benefício foram pagas no primeiro semestre, em março e maio, e deram um fôlego de pouco mais de R$ 47 bilhões à economia nacional no período.

A próxima batalha - O anúncio do presidente Jair Bolsonaro a respeito do auxílio emergencial, de quatro parcelas de R$ 250, deixou líderes e estrategistas do governo preocupados. É que, a partir de agora, o Congresso tratará esse valor como um piso para o benefício, ainda mais neste momento de sistema de saúde em colapso, numa situação que a OMS classificou como “trágica”. A oposição tentará elevar o sarrafo, da mesma forma que, no ano passado, aumento para R$ 500 os R$ 200 propostos pelo Parlamento, e o presidente subiu para R$ 600. Em tempo: os parlamentares consideram, ainda, que Bolsonaro não poderá jogar o pagamento do auxílio no colo dos governadores que estabeleceram medidas restritivas de circulação, uma vez que o governo federal não providenciou vacinas para todos, tampouco se desdobrou em alertas sobre o perigo da doença e da necessidade de distanciamento e do respeito às normas sanitárias. Não é o governador que “destrói”, como disse o presidente, e, sim, a pandemia e o caos no sistema de saúde e a falta de vacinas.

Lira diz que Bolsonaro errou ao permitir porte de duas armas - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que os decretos recentes do presidente Jair Bolsonaro que facilitaram o acesso a armas de fogo não invadiram prerrogativas do Legislativo, mas criticou o dispositivo que permitiu o porte — a possibilidade de andar armado na rua — de duas armas aos cidadãos a quem a lei dá direito a esse tipo de licença. Para ele, os civis devem ter o direito de ter arma em casa, para a própria segurança, "na ausência da segurança pública". As declarações foram dadas neste sábado durante live com advogados do grupo Prerrogativas. O porte, via de regra, é proibido no país, mas policiais, integrantes das Forças Armadas, agentes da Abin, auditores da Receita e integrantes do Judiciário ou do Ministério Público com funções ligadas à segurança, além de representantes de outras categorias, podem andar armados. Ao comentar ter ficado "triste" com o ex-ministro da Justiça e da Defesa, Raul Jungmann, que também foi deputado, por ter manifestado que o Executivo usurpou de competências do Parlamento, Lira disse que Bolsonaro apenas fez uma "amplitude de determinadas ações" dentro do poder de regulamentação. E indicou que, por isso, não vê razões para o Congresso derrubar os decretos, por meio de projeto de decreto legislativo (PDL), como defendem partidos da oposição contrários à flexibilização do acesso a armas. 

Articulação de Alckmin contraria planos de Doria - Depois de ver seu plano de assumir o PSDB ser dizimado, o governador de São Paulo, João Doria, começou a trabalhar para tentar cortar as arestas internas que poderiam dificultar seu plano de disputar a presidência da República. O primeiro passo do tucano é se aproximar do ex-presidente Geraldo Alckmin, um dos principais desertores da legenda — a iniciativa poderia, no entanto, ofender o projeto político do ex-governador. Foi com 'aval' de Alckmin que Doria entrou na política em 2016, quando foi eleito prefeito de São Paulo. A relação estremeceu no ano seguinte, quando o então prefeito começou a buscar a candidatura ao Planalto, cargo reservado a Alckmin, e, já na campanha, aproveitou a estratégia "BolsoDoria", apoiando o presidente Jair Bolsonaro. Hoje, os dois têm uma relação cordial, mas os Aliados dizem que o ex-governador não superou a "traição" e, segundo alguns deles, abriga um desejo de vingança. Os planos dos dois tucanos para 2022 colidem. Doria planeja lançar seu vice, Rodrigo Garcia (DEM), como candidato ao governo estadual com o apoio do PSDB. Alckmin, embora não admita publicamente, pretende se apresentar pela quarta vez no Palácio dos Bandeirantes para o partido. Ele é nosso candidato. Eu anunciei porque já falei com ele — disse o ex-presidente do PSDB de São Paulo Pedro Tobias, um dos aliados mais leais de Alckmin. Doria fez gestos de aproximação com o ex-governador. Na última quarta-feira, Alckmin foi convidado, pela segunda vez em 21 dias, para almoçar no Bandeirantes. Para Tobias, o governador quer se redimir da crise que causou recentemente dentro do partido, tentando assumir o controle da legenda. A estratégia de Doria não avançou e Bruno Araújo foi renomeado para a presidência tucana com o apoio de todos os diretórios estaduais, deputados e senadores.

Eleitores voltam às urnas para eleger prefeitos de 16 cidades - Dezesseis cidades com eleições municipais adicionais já têm datas para o novo concurso definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Rio, os eleitores de Santa Maria Madalena e Itatiaia voltarão às urnas em 11 de abril. Em São Paulo, o calendário eleitoral começará mais cedo, no dia 7, com eleições em sete municípios e, em 11 de abril, em outros dois. Outras cinco cidades de Alagoas, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná seguem a mesma data do Estado do Rio.