Bolsonaro insinua que China pode ter criado coronavírus como parte de 'guerra química'

Presidente afirmou que 'não interessa' para a CPI da Covid saber sobre seus deslocamentos por Brasília e defendeu 'tratamento precoce'

Bolsonaro insinua que China pode ter criado coronavírus como parte de 'guerra química'

Bolsonaro insinua que China pode ter criado coronavírus como parte de 'guerra química'

Presidente afirmou que 'não interessa' para a CPI da Covid saber sobre seus deslocamentos por Brasília e defendeu 'tratamento precoce'

Daniel Gullino

 

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, participam de evento no Palácio do Planalto Foto: Marcos Corrêa/Presidência
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, participam de evento no Palácio do Planalto Foto: Marcos Corrêa/Presidência

 

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro insinuou nesta quarta-feira que a China pode ter criado o novo coronavírus em laboratório como parte de uma "guerra química". A afirmação contraria a Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirmou que o vírus provavelmente teve origem animal. Bolsonaro também disse que "não interessa" para a CPI da Covid saber quais deslocamentos ele fez pelo Distrito Federal durante a pandemia e que a comissão deveria convidar especialistas que defendem o "tratamento precoce" contra a Covid-19.

— É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês — disse Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto sobre o 5G.

Apesar do presidente não ter citado nomes, a China foi o único país a crescer durante 2020, com um aumento de 2,3% em seu Produto Interno Bruto (PIB). O coronavírus foi detectado inicialmente no país asiático, mas ainda há dúvidas sobre a sua origem. 

Após realizar uma missão na China, a OMS divulgou em março um relatório que afirma que o novo coronavírus muito provavelmente foi transmitido de morcegos para os humanos por meio de um outro animal. A única exceção é a hipótese de que o patógeno teria escapado do Instituto de Virologia de Wuhan. De acordo com a missão de especialistas é "extremamente improvável" que isso tenha acontecido.

Durante o discurso, Bolsonaro reclamou de um requerimento aprovado pela CPI da Covid que pede os registros de todos os seus deslocamentos pelo comércio de Brasil e do entorno do Distrito Federal desde março de 2020. O presidente frequentemente causa aglomerações nesses deslocamentos, desrespeitando recomendações do Ministério da Saúde. Bolsonaro disse respeitar a CPI, mas afirmou que tem que dar "exemplo" ao estar com a população.

— Recebo agora documentos da CPI para dizer onde eu estava nos meus últimos fins de semana. Não interessa onde eu estava. Respeito a CPI. Estive no meio do povo. Tenho que dar exemplo. É fácil para mim ficar dentro do Palácio da Alvorada. Tem tudo lá.

O presidente também disse que a CPI deveria convidar "autoridades" qu falem sobre o "tratamento precoce", termo utilizado pelo governo para se referir ao uso de medicamentos que não tem eficácia comprovada contra a Covid-19.

Na terça-feira, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta criticou, na CPI, o uso de cloroquina contra a doença e disse que essa foi uma das suas divergências com Bolsonaro.

— Junto aqueles que são isentos e apoiam a verdade, senadores, estamos sugerindo que seja convocado ou convidado autoridades que venham falar do tratamento precoce. Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa.